“A periodontologia regressou às suas origens”

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DentalPro: Como se responde ao desafio das periimplatites?
Tord Berglundh: Há que saber, em primeiro lugar, que a colocação de implantes em pacientes periodontalmente comprometidos não está contra-indicada. Deve, isso sim, esboçar-se um plano de ‘follow-up’ minucioso e permanente. Enquanto clínico, observo estes pacientes regularmente e eles consultam o higienista oral cinco a seis vezes por ano. O essencial passa por manter os tecidos moles em redor do implante em bom estado.

 

DP: Quais os factores mais importantes para obter resultados de sucesso a longo prazo?
TB: O que causa a periodontite também provoca a periimplantite, ou seja a resposta do hospedeiro a um desafio microbiano. É essencial que o doente arque com a sua própria responsabilidade, no que se refere a cuidar da sua restauração implanto-suportada. A própria área do implante constitui um factor a reter. Algumas superfícies são mais “sensíveis” às bactérias que outras. Assim, torna-se crucial aprender mais sobre os vários tipos de superfícies, optimizando a adaptação biológica a longo prazo.

 

DP: O médico dentista desempenha um papel crucial, enquanto agente activo e promotor de uma boa saúde oral. Como se respondem a todos estes requisitos?
TB: Esta é, exactamente, a parte difícil de ser dentista. Temos que oferecer o ovo Kinder, concretizando os três desejos – estética, função e bons resultados, assim como um bom prognóstico, que autorize uma área perfeitamente saudável em redor do implante. Neste contexto, quero alertar também para a questão do ‘desig’ da prótese. A nossa grande responsabilidade enquanto clínicos passa por comunicar aos técnicos como desenhar una ponte, não só tendo em conta os requisitos da estética, da função, da fonética e do suporte labial, como garantindo ainda o acesso para exames e limpeza dos implantes. Para responder a estas exigências, há que considerar, para além do ‘desig’ prostodôntico, os elementos da prótese como o ‘abutment’.

 

DP: E as soluções de reabilitação actuais respondem com eficiências a todas estas preocupações?
TB: O conjunto destes requisitos deve ser optimizado. Para exibirmos melhores resultados precisamos, obviamente, de melhores materiais. E a acessibilidade para a higiene oral não pode ser negligenciada, sob pena de comprometermos irremediavelmente todo o trabalho de reabilitação.

 

DP: O papel activo do paciente assume-se também como vital neste processo…
TB: Compete aos médicos dentistas enfatizar a importância da terapia de suporte e comunicar ao paciente que os implantes requerem a mesma atenção que os dentes naturais. O clínico não pode prescindir de um paciente só porque lhe colocou implantes. O tratamento não terminou, só se alterou o seu estado. A manutenção revela-se tão importante como a intervenção inicial. Diria que ninguém quer saber da habilidade de um cirurgião, se ele falhar na manutenção. Informar o paciente sobre a conduta de higiene oral a adoptar, prezando pela saúde dos tecidos que envolvem o implante, é primordial. A periodontologia regressou às suas origens.

 

DP: Em que consiste esse regresso?
TB: Hoje, o trabalho do periodontologista tem por base o controlo da infecção. Significa isto que a periodontologia centra-se em oferecer estabilidade ao paciente. O controlo da infecção depende, acima de tudo, de uma boa higiene oral.

 

BIO: Tord Berglundh nasceu em 1954 na Suécia. Professor do Departamento de Periodontologia, na Academia Sahlgrenska da Universidade de Gotemburgo, o especialista é também chefe do Laboratório de Investigação Periodontal e editor associado do Clinical Oral Implants Research e referência de várias outras publicações. Com cerca 160 trabalhos científicos no campo dos implantes dentários, periodontologia, imunologia, integração tecidular e regeneração, Tord Berglundh assume-se como uma voz activa no que se refere à terapia implantar e defende uma “nova visão” para as potencialidades da implantologia com base no controlo da infecção.

 

 

15 Janeiro, 2010
Entrevistas

 
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