“A nossa obrigação é não falhar”
DentalPro: Que mensagem passou hoje aos alunos que iniciam o seu percurso académico em Medicina Dentária na Universidade Católica Portuguesa (UCP)?
Jorge Leitão: Muito simples. Agradeci o facto de nos terem escolhido, apesar de sermos o curso mais caro do mercado. Quanto maior o número de alunos a apostarem na qualidade do ensino que ministramos, maior o nosso grau de responsabilidade. O nosso ensino é altamente personalizado, com um rácio de quatro alunos por professor. Perante este cenário, a nossa obrigação é não falhar.
DP: Veio para Viseu para reformular o curso. Nestes seus três anos de trabalho, o que mudou?
JL: O grande desafio inicial residiu em trabalhar o horário, tornando possível fixar os professores durante o tempo lectivo necessário. Esta flexibilidade é fulcral no caso de universidades excêntricas, que, como a nossa, se situam fora dos grandes centros.
DP: Até chegarmos a 2010, a medicina dentária passou por momentos fracturantes e o nome Jorge Leitão não passou despercebido…
JL: Nos meus primeiros contactos com os médicos mais velhos, compreendi a necessidade de estipular um modelo de ensino organizado, que ultrapassasse as insuficiências do sistema de cursar medicina, fazer internato hospitalar e, só depois, optar por uma especialidade. Tendo em atenção a quase inexistência de serviços de estomatologia modernizados nas unidades hospitalares, o internato não garantia exercício clínico adequado à prática da especialidade. Ainda no final dos anos ’60 elaborou-se um modelo que conjugava a frequência do curso de medicina com o internato hospitalar num instituto de estomatologia e medicina oral. As tentativas foram muitas, mas nenhum dos modelos propostos vingou. Já nos anos ’70, a estomatologia exigia equipamentos dispendiosos, incomportáveis numa altura em que a prioridade era salvar vidas. Apostava-se sim em áreas como a cardiologia e a neurocirurgia. Remetidos para a lista de espera, por aí ficamos.
DP: Durante este longo processo de afirmação da especialidade, há alguns nomes que considere importante frisar?
JL: Colegas mais velhos como João Bação Leal, Falcato Simões ou Palma Leal, na secção sul, ou Esteves Pereira e Alcino Magalhães, no Porto, empenharam-se a sério nesta obra, visto que era um sonho profissional por concretizar. A estes nomes seguiram-se gerações mais novas, como Armando Simões dos Santos, Maló de Abreu, Campos Neves ou Fernando Peres. E todos nós, juntos, aderimos ao projecto, como fundadores das escolas de medicina dentária.
Leia esta entrevista na íntegra na próxima edição da DentalPro.
13 Outubro, 2010
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