“Cuidados de Saúde Oral – Universalização”
Segundo um estudo da Universidade Nova, em parceria com a Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), Portugal é o segundo país na União Europeia (UE) com necessidades orais maiores.
No documento, intitulado “Cuidados de Saúde Oral – Universalização”, de Alexandre Lourenço e Pedro Pita Barros, da Nova School of Busines & Economics, é revelado que 17,8 por cento dos portugueses com mais de 16 anos não têm as suas necessidades de saúde oral satisfeitas, enquanto que a média europeia está nos 7,9 por cento. No entanto, só 5,1 por cento de portugueses na mesma faixa etária relata a falta destas mesmas necessidades, em contraste com os 18 por cento da União Europeia.
“Quem sofre mais são os mais pobres, porque nem sequer acedem a cuidados de saúde oral, estão totalmente excluídos. Mas o estudo mostra que a classe médica também sofre muito porque tenta aceder a cuidados e a catástrofe é a do empobrecimento, de abdicar de aspetos de outras despesas essenciais para pagar cuidados de despesas dentárias em situações especiais”, disse Orlando Monteiro da Silva em entrevista à Lusa, para comentar o acesso generalizado a população portuguesa a dentistas particulares.
Segundo o estudo, para serem dados cuidados de saúde a todos os utentes o estado precisa de dispender 280 milhões de euros anuais, em regime de convenção com consultórios privados, de forma gradual a começar pelos mais desfavorecidos. “Há um caminho gradual que pode ser percorrido. E deve ser feito, já se perdeu demasiado tempo, com outros custos. O custo de não fazer nada é muito superior a isto, o custo de ter uma população a evitar alimentos, o custo do absentismo ao trabalho, de crianças a faltarem à escola, o custo social de andar desdentado”, continuou o bastonário da OMD.
Para um sistema de saúde oral público, seria necessário contratar perto de 6500 médicos dentistas, um valor de 182 milhões de euros apenas para salários, que pode facilmente triplicar caso se tome em consideração assistentes dentários, obras de adaptação e custos de manutenção.
Orlando Monteiro da Silva salienta que “há uma rede de consultórios e clínicas de medicina dentária que cobre todo o país. Em termos comparativos, Portugal possui recursos humanos nesta área em número superior à maioria dos países europeus, portanto o que falta é pegar no que existe é fazer com que funcione. Nenhuma solução apresentada neste estudo está isenta de custos, e a OMD está disponível para ajudar a encontrar a solução que for mais equilibrada, mas o que este estudo não calcula é quantas dezenas ou centenas de milhões de euros por ano, custa em saúde, dias de trabalho, esperança e qualidade de vida manter o atual status quo. Este custo é muito maior quer para as pessoas quer para o Estado”.
25 Maio, 2016
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