Pode a medicina dentária ser vista como uma atividade económica?

Os nossos médicos dentistas responderam. E as opiniões assemelham-se: sim, a medicina dentária é um negócio, mas os aspetos económicos da profissão não devem sobrepor-se a todos os outros.
Atividade económica, por definição, gera riqueza mediante a extração, transformação e distribuição de recursos naturais, bens e serviços, tendo como finalidade a satisfação de necessidades humanas, como educação, alimentação, segurança, entre outros. Cristina Baptista, de Lisboa, começa assim por responder à questão colocada pela DentalPro, acrescentando que a saúde (medicina dentária) é uma atividade económica. “A sua boa prática envolve uma estrutura com recursos humanos, custos e receitas associadas, cujo resultado, como em qualquer empresa, pretende ser positivo, sendo que o objetivo principal tem que ser o alcance da prevenção, diagnóstico e tratamento do paciente como um todo, a sua satisfação e a de todos os profissionais envolvidos”.
Dárcio Luís Fonseca, também da região de Lisboa, corrobora esta ideia e assume que a medicina dentária pressupõe “uma prestação de serviços sujeita a inúmeras regras, licenças, taxas e impostos para ser praticada de forma legal. Como qualquer outra empresa de qualquer ramo pressupõe que haja lucro para ter viabilidade. Quem disser o contrário, parece-me descabido, pois a atividade é demasiado onerosa e com poucos apoios económicos para ser praticada em regime de pro bono”. O médico dentista olhou ainda esta questão por um outro prisma: “se a vossa pergunta se refere à mercantilização da profissão e à exploração da mesma por parte de empresários, seguradoras, planos de saúde ou médicos dentistas que se aproveitam da mão de obra cada vez mais disponível e menos diferenciada ou que arranjam estratagemas de consultas grátis ou de preços ridículos para colocarem pacientes dentro das clínicas e venderem um financiamento dum pseudo plano de tratamento planeado por pessoas externas à profissão e sem conhecimentos da mesma, que passam por cima dos médicos dentistas e mesmo do diretor clínico com a conivência dos ‘patrões’, isso já é outra coisa totalmente diferente. E esse comportamento deplorável esbarra noutro que é o excesso de oferta e a necessidade de se trabalhar mesmo nesse registo sob pena de não se trabalhar sequer na profissão que se escolheu. Se as regras fossem diferentes, não haveria espaço para a mercantilização da profissão”.
Leia estas e outras opiniões numa das próximas edições.
24 Abril, 2017
Opinião