“O Barómetro mostra um país a duas velocidades”

O Barómetro de Saúde Oral de 2017 revela que os portugueses estão a marcar mais consultas de medicina dentária. O inquérito realizado este verão mostra um crescimento de 5,4% face à edição anterior de 2015, ou seja, 58,7% dos inquiridos afirma ter ido a pelo menos uma consulta de medicina dentária nos últimos 12 meses.
O estudo mostra ainda que dos portugueses que não vão ao médico dentista ou vão menos de uma vez por ano, 44,5% afirma não ter necessidade e 42,8% queixa-se que não tem dinheiro. Orlando Monteiro da Silva, bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), salienta outra conclusão do estudo: “71,1% da população portuguesa não sabe que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) já disponibiliza a área de medicina dentária em vários centros de saúde, e este valor indica uma menor taxa de informação em relação à edição anterior (68,7%). Ora, o Ministério da Saúde tem em curso um projeto-piloto que começou há um ano e integrou já 54 médicos dentistas em 50 centros de saúde e é, portanto, urgente divulgar a existência destas consultas de saúde oral junto das populações”.
O Barómetro mostra que 90% dos portugueses não recorrem ao SNS para tratar de problemas de saúde oral e que dos 6,3% que recorreu às urgências hospitalares menos de 52% viu o seu problema resolvido, e dos 3,3% que se descolou a centros de saúde, 76% dos doentes foram aconselhados a consultar um médico dentista. Dos inquiridos, 80% considera muito importante o acesso a serviços de medicina dentária no SNS, sendo que 77,7% concorda com a comparticipação do Estado para consultas nesta área no setor privado. O bastonário da OMD sublinha que “para os doentes o que é importante é o acesso a consultas de medicina dentária, se são realizadas no privado ou no público é indiferente para a população. O Barómetro diz-nos que 97,8% dos portugueses afirmam escovar os dentes com frequência, 65% consideram que ir ao médico dentista é cuidar da saúde da boca e 63% reconhece que a saúde oral afeta a saúde em geral, portanto já há consciência da importância do acesso e dos cuidados de saúde oral, mas é preciso fazer mais nesta área”.
Orlando Monteiro da Silva considera que “o Barómetro mostra um país a duas velocidades, em que quem tem capacidade financeira tem acesso à medicina dentária e quem não tem capacidade financeira é excluído. É por isso decisivo integrar mais médicos dentistas nos centros de saúde e nos hospitais e estabelecer um acordo entre o Estado e os consultórios e clínicas privadas para o financiamento de consultas de saúde oral. O Ministério da Saúde já deu os primeiros passos, mas é preciso reforçar a oferta para abranger efetivamente toda a população portuguesa”. Pelas contas do Barómetro, metade dos portugueses (51,2%) marca consulta para check-up pelo menos uma vez por ano. Há 78,3% dos portugueses que efetuam o pagamento no momento da consulta. Contudo, a percentagem de utentes com seguro ou plano de saúde subiu para 11,6%, quando em 2015 não ultrapassava 7,6%.
O Barómetro da Saúde Oral de 2017 é um estudo realizado pela consultora independente QSP e apresenta validade estatística, tendo sido realizadas 1.102 entrevistas presenciais em todas as regiões de Portugal, incluindo os Açores e a Madeira.
31 Outubro, 2017
Medicina dentária