“O digital não tem idade, estatuto, localização, nem limitação”
Teresa de Vieira e Brito, um das coordenadoras da Pós-Graduação em Medicina Dentária Digital na CESPU, concedeu-nos uma entrevista onde aborda o tema da medicina dentária digital. A médica dentista refere que todos podem fazer esta pós-graduação, desde que tenham “interesse e queiram aprender”.
O que será o amanhã?
Nos últimos anos tem vindo a ser quase obrigatório em termos de status e evolução, incluir a palavra digital na área da saúde oral. E com razão, na minha opinião. Não podemos negar, o que muito mudou na nossa área, dando-nos competências para sermos mais e melhores. No entanto, nada serve sem o correto uso das suas ferramentas e aplicações. Assim, com esta vontade de podermos contribuir, a Cespu, cria a primeira pós-graduação de medicina dentária digital, que vai já na 4ª edição, e promete continuar. Esta pós-graduação abrange as diferentes especialidades dentro da medicina dentária, assim como as interações com os seus parceiros e equipas. Abrangente, mas detalhada, no cuidado de tornar o pós-graduado com a habilidade de se destacar .
O que é então a medicina dentária digital?
Na realidade, apenas a associação de uma característica, a arte do que nunca deixará de ser, medicina dentária. Pela rapidez, os custos e a falta de quem estivesse habilitado, criou-se a errada sensação de que era apenas para alguns – o que é falso! Na verdade, e é necessário reforçar como parêntesis, medicina dentária será sempre medicina dentária, ontem, hoje ou amanhã. Não há adjetivo, prefixo ou sufixo que lhe retire a essência. E antes de mais e de tudo essa é a essência de que devemos respirar. É a nossa base, que de tão mais sólida que seja, mais nos valoriza e nos permite absorver a evolução.
A evolução fez com que surgissem uma série de tecnologias e dispositivos, que na medicina dentária, se traduzem numa enorme mais valia quer a nível de recolha de dados quer também no planeamento e realização do próprio tratamento. A nível de comunicação torna-se a ponte necessária para unirmos a equipa multidisciplinar e o próprio paciente. Mas aqui é que está a grande questão. Tem de haver um conhecimento honesto e fiel sobre o que o digital aporta, pois, a sua aplicação sem conhecimento, leva com certeza ao insucesso, mais cedo ou mais tarde. Desengane-se quem acha que o aporte digital vai resolver todas as incapacidades ou fragilidades de quem pratica a arte sem conhecimento verdadeiro. Desengane-se quem associa o digital a uma marca de luxo da dentária, para justificar a sua não aquisição.
Quem beneficia mais com o digital?
Claramente, todos e incluo a equipa multidisciplinar que envolve a arte da medicina dentária. Entramos numa nova realidade de possibilidades, quase ilimitadas, que nos levam a ser muito mais rigorosamente guiados e nunca nem sempre, são as palavras que deveremos não pronunciar, mas afirmo que a prática se torna muito mias prazerosa, desafiante, previsível, com uma visão quase futurista e 3D do final, o que implica mais sucesso. E de facto, haverá alguém que não se sinta atraído?
Existe facilidade em se ser conhecedor das tecnologias e técnicas digitais?
Não seria justo responder a essa pergunta sem falar em determinados pontos importantíssimos que vieram com o digital: o marketing, os manuais de YouTube e os fast-courses. Todos são extraordinariamente importantes, todos ocupam um lugar muito próprio e podem fazer a diferença numa fase inicial, de abordagem e conhecimento. Mas seria ridículo acreditar que se poderá dominar, num período curto, tudo o que está associado ao digital. E, mais do que saber utilizar um dispositivo ou uma app, é preciso perceber, questionar, testar, errar e aprender. Isso demora o seu tempo. Na realidade, foi por esse motivo, essas dificuldades e falta de informação, que surgiu a necessidade de criarmos a pós-graduação em medicina dentária digital. Necessidade essa que é real, e que nos apercebemos, pelo simples facto, de que já passadas estas três edições e à porta da quarta, vemos a evolução dos colegas, acompanhamos os seus feitos, as suas descobertas.
Não se trata apenas de absorver e aplicar conhecimento trata-se também e muito no input que dá a sua vida profissional e pessoal. Trata-se de controlo, previsibilidade, qualidade, arte, magia, de criar serenidade e vontade de saber mais e mais, de conhecer, de ter o infinito pela frente e poder fazer parte dele. Trata-se de uma equipa multidisciplinar, focada em trazer o que há de mais recente, atual e de evoluirmos juntos. Pessoalmente, sou uma apaixonada e fascinada, apesar de ser da era do analógica quase pura agradeço ter-me sido permitido viver esta era e poder aplicá-la e com muita honra partilhá-la, porque até isso nos é agora permitido com muito mais clareza e em tempo real: partilhar dúvidas, certezas, sucesso e dificuldades.
Então será legitimo concluir que ser “digital”, é sinónimo de sucesso?
Cada um terá de dizer segundo os parâmetros que valoriza. Para mim, sim, se valorizarmos o tempo. Menos tempo de cadeira, mais tempo de planeamento e confeção, é certo, mas que pode ser feito num ambiente mais relaxante, com outras exigências. Consequentemente na clínica com o paciente o tempo é muito mais eficiente, previsível e curto. E atualmente, em que tudo tem de ser tão rápido como um motor de busca, o tempo é o maior bem que possuímos. Se sucesso for termos à nossa disposição tecnologia, que já não é tão onerosa, que nos dá mais e melhores condições para fazermos o nosso trabalho, então sim! Se sucesso for podermos ser menos stressados, desgastarmo-nos menos fisicamente, sim. Se sucesso for fazer parte de um grupo interessado, atual, interativo e futurista, sim. Se sucesso for s proporcionar o que há de melhor e mais recente ao paciente então um grande SIM!
Quem pode fazer esta pós-graduação?
Todos aqueles que se interessem e queiram aprender. Embora a curva de aprendizagem não seja igual para todos, e se esta geração mais nova tem como vantagem no seu dia a dia a utilização de ferramentas como computadores, câmaras fotográficas, diferentes apps, a geração mais velha tem a experiência de conhecimento clínico e de tempo de trabalho, que é uma mais-valia enorme e de aplicação inquestionável. Aqui está a química saber juntar as nossas aptidões às novas que pretendemos adquirir.
Como vê o futuro do digital na dentária?
O digital na medicina dentária não tem idade, estatuto ou localização, não tem limitação física ou logística. Para utilizar o que o digital nos aporta é preciso vontade, garra determinação e honestidade. Sabermos o que vamos utilizar, com que propósito, com que conhecimento e objetivo. Sabermos que fazemos de tudo para dar o melhor e com isso sermos mais e melhores. Se formos honestos com estas respostas sabemos qual o caminho a seguir. O digital jamais se acomodará, jamais poderá deixar de evoluir, jamais deixará de surpreender, de aportar e de inovar. Cabe-nos decidir qual vai ser a nossa posição e postura. Cabe-nos escolher o caminho, a motivação a valorização. O amanhã será o que eu quiser!
Nas fotografias: Hossam Dawa, Teresa Brito e Carlos Aroso, coordenadores da Pós-Graduação em Medicina Dentária Digital da CESPU
8 Março, 2023
Conteúdo patrocinadoEntrevistas