AIMD pede apoio para os médicos dentistas

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A Associação Independente dos Médicos Dentistas (AIMD), fundada por Nuno Menezes Gonçalves, acredita que a suspensão durante duas semanas de todas as consultas determinada pelo Governo, no âmbito do combate ao novo coronavírus, terá vários impactos e poderá colocar em causa a sobrevivência de muitos consultórios. “O primeiro impacto será naturalmente para os médicos dentistas, essencialmente a nível financeiro, mas não podemos esquecer o impacto que terá na saúde oral dos pacientes, que se veem impedidos de recorrer ao seu médico dentista para executar os tratamentos médicos que necessita; veem-se com uma disponibilidade muito mais limitada de atendimento e apenas para situações de urgência. Mais ainda, o estigma que se está a disseminar do alegado perigo de contágio em consultórios dentários irá certamente afetar a confiança dos pacientes nas suas clínicas dentárias. Não nos podemos esquecer do impacto que terá na confiança dos pacientes, que agora entendem que os nossos consultórios são locais de elevado risco e demorarão a reaver essa confiança. Ainda assim, creio que o maior impacto será mesmo na vida pessoal e profissional dos médicos dentistas, sobretudo aqueles que sejam proprietários de clínicas dentárias, na medida em que terão de encontrar estratégias para assegurar uma gestão financeira mínima do seu estabelecimento de saúde e manutenção do seu corpo clínico nos próximos dois meses, pelo menos”.

Em declarações à DentalPro, Nuno Menezes Gonçalves não acredita que a suspensão vigore apenas durante o período de duas semanas. “Num momento em que se fala que o pico da pandemia será no final do mês de março ou início do mês de abril, em que resultará uma suspensão de 15 dias da nossa atividade? Por que não assumir desde já que o risco se manterá até previsivelmente à segunda quinzena de abril? E, mesmo findado este período, quem nos garantirá que o surto não pode reincidir nos profissionais de saúde? E o doente que a nós recorre, quem lhe pode assegurar com certeza absoluta que já não existe risco de infeção cruzada entre população? Provavelmente, adiará a sua visita até a comunicação social informar que já é seguro retomar a sua vida normal, e ainda assim terá receios. Acreditar que em 15 dias tudo voltará à normalidade é simplesmente irrealista, e os colegas assumem essa dúvida como uma certeza. Neste aspeto, as futuras intervenções e tomadas de posição da OMD serão decisivas para determinar o nosso destino”.

Desta forma, o responsável pede apoio para os dentistas que estão impedidos de trabalhar. “O bastonário da OMD, em entrevista à Sic Notícias, demonstrou abertura para reduzir o valor de quotas a pagar pelos médicos dentistas, mas isso é uma medida muito pequena face às exigências dos tempos. Assim como a suspensão laboral foi uma medida excecional, temos o direito de pedir um apoio excecional. É preciso ser mais exigente com as responsabilidade do Governo, assim como somos com a nossa consciência profissional. Um Governo que tem orçamento para injetar continuamente fundos no Novo Banco não tem disponibilidade financeira para nos ajudar? Temos que deixar de ter vergonha de exigir medidas de apoio à medicina dentária. A medicina dentária é uma atividade onerosa, quer nos materiais utilizados, quer nas taxas legais a que as clínicas são sujeitas, as prestações de créditos, entre outras. Estamos dispostos a dialogar com a OMD e o Governo português para encontrar as medidas possíveis e mais adequadas para a nossa situação. Por exemplo: suspender o pagamento de créditos relativos à atividade clínica; isenção de contribuições sociais (já aprovada pelo Estado); suspender o pagamento de taxas de licenciamento e manutenção das clínicas; linha de financiamento excecional do Estado; entre outros)”.

18 Março, 2020
Medicina dentária

 
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