Estudo sobre o Uso de Antibióticos na Prevenção de Endocardite Bacteriana
Estes resultados apoiam a utilização de profilaxia antibiótica apenas em indivíduos de alto risco submetidos a procedimentos dentários invasivos, apoiando as atuais directrizes da American Heart Association e da Sociedade Europeia de Cardiologia.
Luís Monteiro, Professor associado da CESPU é neste momento diretor da Unidade de investigação UNIPRO, Unidade de Investigação em Patologia Oral e Reabilitação Oral da CESPU. A participação da UNIPRO neste trabalho é fruto dos objetivos de multidisciplinariedade, internacionalização e aposta na investigação científica com produção de trabalhos de investigação que possam ser aplicados na sociedade para benefício da saúde da população.
Este é um importante artigo, sobre uma temática muito complicada onde tem havido falta de evidência científica sobre a necessidade de utilização de profilaxia antibiótica antes do tratamento dentário, com diferentes indicações e até com países que não sugerem o uso deste tipo de profilaxia. Estas preocupações estão relacionadas por um lado com a possível existência de reações alérgicas em alguns doentes, na potencial contribuição para o aumento das resistências aos antibióticos e por outro lado pela falta de evidência científica para a utilização deste tipo de profilaxia na prevenção de endocardite bacteriana após procedimentos dentários invasivos.
Desta forma, os autores realizaram uma revisão sistemática com meta-análise da literatura existente para avaliar a associação da profilaxia antibiótica e a incidência de endocardite infecciosa após procedimentos dentários invasivos. O trabalho resultante que incluiu dados de 1,152,345 casos de endocardite infecciosa, concluiu que a profilaxia antibiótica estava associada a um risco reduzido de endocardite infecciosa após procedimentos dentários invasivos em indivíduos de alto risco, mas não naqueles de risco moderado ou baixo/desconhecido. De facto, os indivíduos de alto risco que receberam profilaxia antibiótica antes de procedimentos dentários invasivos tinham menos 59% (IC 95%, 43-71) de probabilidade de desenvolver endocardite infecciosa do que aqueles que não receberam profilaxia antibiótica.
Os autores fazem parte do grupo World Workshop on Oral Medicine VIII (https://wworalmed.org) constituído por investigadores de vários países como Itália (Giovanni Lodi; Valeria Edefonti; Margherita Gobbo; Federica Turati), Espanha (Pedro Diz Dios), Reino Unido (Martin Thornhill), Africa do Sul (Haly Holmes), Singapura (C. Hong), Tailândia (Pimolbutr), USA (Francesca Sperotto; Katherine France; Laurel Graham; Thomas Sollecito; Peter Lockhart) e de Portugal representado pelo investigador e Médico Dentista Luis Monteiro.
9 Maio, 2024
Investigação