Robot Dentista

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O médico dentista Pedro Brito deu o mote, juntamente com o seu colega João Santos, para o desenvolvimento deste equipamento há cerca de sete anos, quando ingressou no Instituto Biomédico de Investigação da Luz e da Imagem (IBILI), em Coimbra, para estudar a biomecânica em implantologia.

Daí à entrada de uma equipa de engenharia mecânica no projecto foi um curto passo. “Nós estudamos a distribuição de forças que o implante sofre quando está sujeito a cargas e essa pesquisa exige mandíbulas e implantes e algo que exerça cargas. Como toda a investigação na área baseava-se em cargas pontuais fixas, decidimos criar um ‘robot’, com o intuito de criar ciclos mastigatórios, que nos devolvessem a distribuição de forças em redor volta do implante. As forças são captadas através de um polariscópio de reflexão, único em Portugal, e as cargas exercidas pela componente robótica”, explica Pedro Brito.

Implantes a metade do preço

O estudo é inovador no nosso país e a tecnologia adoptada desperta a atenção no estrangeiro. O rosto por detrás da máquina é o engenheiro mecânico Norberto Pires, professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, que conta como a ideia inicial já se encontra ultrapassada e como o ‘robot’ dentista se tornou num produto com alto potencial de comercialização.

Com o objectivo de reduzir “pelo menos em 50 por cento” o custo associado à colocação de implantes, Norberto Pires idealizou o ‘robot’ dentista para “optimizar os procedimentos inerentes à implantologia”.

Neste sentido, a equipa multidisciplinar ligada ao projecto, que integra físicos, dentistas e engenheiros mecânicos, quer perceber qual o número de implantes ideal para cada tipo de reabilitação. “Ao colocar menos implantes, o valor da intervenção é menor. Ganha-se assim em acessibilidade à população e, ao aumentar a procura, baixam-se também os preços”, analisa o engenheiro responsável pela concepção do ‘robot’.

Procedimentos optimizados
O médico dentista Pedro Brito explica que “nós, implantologistas, tendemos a colocar implantes em excesso, para que a carga mastigatória se distribua por todos, exercendo menos pressão em cada um”. “Se forem seis implantes, o esforço em cada peça, é menor que se tivermos três. Nós estudamos a distribuição de forças, no sentido de compreender se haverá alterações significativas na carga exercida no caso de serem cinco, quatro ou mesmo três implantes”, elucida.

O ‘robot’ dentista conduz a um novo entendimento na área, ultrapassando os dados e impondo a comprovação científica como norma. “Estamos também a analisar qual será a posição ideal do implante em casos com osso insuficiente. Se conseguirmos provar que, inclinando o implante numa dada orientação, obtemos tecido apto à osteoitentegração, dispensam-se cirurgias mais complicadas e onerosas”, adianta Pedro Brito.

Preço de comercialização ronda os “40 mil euros”
A eficácia do ‘robot’ dentista como plataforma de testes, em termos de implantes e materiais de impressão, abre portas ao mercado dos laboratórios.

Norberto Pires revela que “estamos agora a substituir este braço do ‘robot’, que é mais industrial, por outro mais leve e adaptado, que possa tornar este equipamento viável no mercado, como uma máquina de testes e ensaios para as empresas.

Neste momento, “tudo é automático” no modo de funcionamento do ‘robot’ dentista. “Realiza a furação, coloca os implantes, o dente e, de seguida, inicia os testes de mastigação”, descreve o engenheiro. Estas acções permitem assim antecipar o desconforto nos pacientes, as tensões provocadas no material, a vida útil do implante e os danos originados.

O mercado da medicina dentária já despertou para o potencial deste equipamento ‘made in Portugal’ e, de acordo com o seu mentor, o ‘robot’ dentista já promoveu contactos de empresas “suecas, italianas, brasileiras e até holandesas”. Algumas empresas de implantes, como a Nobel Biocare, associada à iniciativa desde o começo, e o interesse manifestado por firmas ligadas aos materiais, como a 3M, dão garantias de receptividade e o valor do equipamento no mercado já se encontra “em cima da mesa”: “entre a 30 a 40 mil euros”, antevê Norberto Pires.

 

1 Março, 2010
Atualidade

 
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