Cirurgia robótica com sensibilidade

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A equipa de robótica médica da instituição conimbricense reúne-se em torno do seu “aprendiz” cirurgião com a forte expectativa de antecipar o futuro. De facto, através desta invenção, os estudiosos, em colaboração com médicos de diferentes especialidades, adicionam a mais-valia do tacto à máquina transformando a equipa médico/robot numa entidade única.

Designado WAM (Whole Arm Manipulation), este robot tem de ser comandado por um cirurgião e está equipado com importantes sensores capazes de apurar os sentidos. Especialmente indicado para cirurgias minimamente invasivas, o WAM quer potenciar o desempenho do cirurgião e servir para treino e ensino em ambiente virtual.

Avanços no telediagnóstico

Através do telecontrolo, o operador sente o braço do robot tocar os diferentes tecidos, transmitindo suavidade nos tecidos moles e dureza no osso, por exemplo. Como quase todas as operações cirúrgicas envolvem o contacto com o corpo humano, acrescenta-se assim uma ferramenta essencial ao êxito das tarefas cirúrgicas.

“Há vários robots no mercado que angariam já algum sucesso. No entanto, os actuais sistemas disponíveis carecem da informação real sobre a força que se aplica numa determinada operação. É compreensível, visto que se tratam de dados que provocam instabilidade no operador. Quando a percepção das forças chega à mão cria uma dinâmica no sistema e ele pode vibrar se não for bem controlado. Por isso, quando estas técnicas estiveram maduras, queremos formar operadores capazes de lidar com as “sensações” do robot e alcançar resultados de excelência. Complementamos as actuais técnicas, que baseiam a cirurgia assistida em informação visual pura”, explicou à DentalPro Rui Cortesão, o coordenador do projecto.

A área mais avançada deste projecto português é a do telediagnóstico, pois provavelmente os especialistas portugueses estarão mais propensos a aderir a esta inovação.

Apesar de já se fazerem actualmente exames à distância, necessita-se sempre de ter um operador no local a seguir as instruções do médico ausente. Através do robot cirurgião, o telediagnóstico ganha a vertente do toque. O médico manipula um dispositivo semelhante a um simples rato, o ‘phanto’, que controla o braço da máquina. É o próprio perito que movimenta um possível ecógrafo, por exemplo, na parte do corpo que deseja analisar. “O médico pode estar em Coimbra e fazer uma telecografia a um paciente num centro de saúde no Algarve”, esclarece Rui Cortesão.

O robot de Coimbra desenvolve um papel essencial também na fisioterapia. “Ao incluir-se informações de determinados níveis de resistência e movimentos no robot, o paciente agarra uma das extremidades do instrumento e é forçado a executar determinadas acções”, explica o responsável.

“O braço humano não tem este nível de precisão”

No imediato, as cirurgias minimamente invasivas assumem-se como o grande contributo deste robot cirurgião. “Estamos a desenvolver arquitecturas de controlo neste âmbito. Espero que daqui a sensivelmente um ano, que é quando termina o projecto, já tenhamos os resultados preliminares feitos em laboratório. Actualmente ainda estamos longe de uma solução comercial. A ideia parte ao contrário, desenvolvemos uma solução e depois criamos a necessidade no mercado”.

Com tudo em aberto, Rui Cortesão assegura que a invenção da equipa potencia as capacidades humanas.

No campo da medicina dentária, o coordenador do projecto assume as vantagens do WAM, que “poderá aplicar-se na cavidade oral. Utilizando a ferramenta adequada na extremidade do robot, o médico pode operar facilmente”. Esta acção garante aos procedimentos cirúrgicos “sensações de realidade aumentada, através da uso de câmaras, e um contacto optimizado”, já que “a sua precisão é máxima, na ordem das décimas de milímetro”.

“A robótica pode revolucionar a cirurgia, como as técnicas imagiológicas revolucionaram o diagnóstico”
Quando questionado acerca dos efeitos destas invenções na medicina, Rui Cortesão não tem dúvidas acerca do impacto da robótica na área. O WAM, por exemplo, já tem alguma autonomia em determinados procedimentos, como o ajuste da postura para garantir que a ferramenta médica está sempre sobre os furos de incisão e não exerce força no paciente, ou a manutenção da imagem que chega ao operador. “Claro que a maior parte das funcionalidades não podem ser autónomas. A robótica médica, no estado de arte actual, depende do especialista”, conclui Cortesão.

 

 

22 Março, 2010
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