Mãos que devolvem sorrisos
Por definição, fendas lábio-palatinas constituem malformações congénitas da face que ocorrem ainda durante a fase de gestação.Esta incorrecção resulta da falta de fusão de tecidos e músculos da região oral, podendo atingir somente o lábio superior ou, em casos mais complicados, estender-se até ao palato.
José Manuel Jr., António Bessa-Monteiro e Rowney Furfuro
Esta patologia apresenta vários níveis de comprometimento e uma ampla diversidade de formas, desde unilaterais ou bilaterais a completas ou incompletas. Alvo de um “enorme desconhecimento, mesmo no seio da classe médica”, as fendas lábio-palatinas ostentam uma origem indeterminada, como nos conta Rowney Furfuro, ortodontista do Grupo de Estudos de Malformações Craniofaciais do Hospital de São João (HSJ).
A sua complexidade reside no facto das fendas lábio-palatinas surgirem não só isoladamente, como também associadas a mais de 400 síndromas e sequências, o que faz com que “não exista, até hoje, uma identificação única do factor etiológico da fenda lábio-palatina, apesar de figurar como a segunda malformação congénita mais prevalente em todo o mundo”.
15 mil casos por hora
Portugal não é excepção neste quadro e, todos os anos, nascem no nosso país 200 novos portadores de fendas lábio-palatinas. No mundo a contagem é feita ao segundo, contabilizando-se 15 mil novos casos a cada hora que passa.
O Grupo de Estudos de Malformações Craniofaciais do HSJ revela-se uma referência no tratamento destes doentes. Diariamente chegam novos casos à unidade hospitalar do Porto provenientes de todo o país. O segredo passa, segundo Rowney Furfuro, pela “transdisciplinaridade”, já que “este é o único grupo em que todas as especialidades trabalham integradas”.
Com uma equipa composta por 15 especialidades diferentes, médicas e paramédicas, este colectivo reúne as áreas de estomatologia/medicina dentária/ortodontia, cirurgia pediátrica, terapia da fala, medicina física e reabilitação, otorrinolaringologia, pedopsiquiatria, psicologia, cirurgia plástica reconstrutiva e maxilofacial, pediatria, obstetrícia, genética, radiologia, enfermagem, nutrição e assistência social.
“Numa primeira fase de tratamento, impõe-se um tripé fundamental, composto pela cirurgia pediátrica, pela terapia da fala e pela ortodontia, que movimenta todo o processo posterior”, esclarece Rowney Furfuro.
O director do Serviço de Cirurgia Pediátrica, António Bessa-Monteiro, que juntamente com o director do Serviço de Estomatologia, João Correia Pinto, lidera o grupo dedicado às malformações craniofaciais, frisa a metodologia de trabalho, salientando que “o conceito de transdisciplinaridade é fundamental e na nossa equipa todos conhecem o trabalho dos restantes colegas, porque, uma vez por mês, reunimos para uma sessão teórica, em que cada um dos elementos realiza uma apresentação da sua área de acção”.
Pode aceder a esta reportagem, na íntegra, na edição nº 18 da DentalPro.
9 Junho, 2010
Atualidade