“Coisas dos abatimentos”

Crónica da médica dentista Cátia Íris Gonçalves.
“Borlas.
Descontos, atençõezinhas, miminhos, abatimentos.
Porra! É isso mesmo.
ABATIMENTO.
É ficar abatido, ser-se pisoteado, ficar-se refém do abate.
Porque se pedincha tanto, neste país, na nossa área?
Eu sei que este país não é meigo para os que sofrem de patologias orais. Eu sei.
Mas as coisas estão a mudar, com o projecto de integração de médicos dentistas em unidades de medicina dentária no sector público, oferecendo uma oportunidade justa, digna e realista à nossa população – apesar de, economicamente falando, assim de repente, eu não esteja a ver bem como se arranjará o dinheiro para a coisa, mas como não percebo nada de fundos, economias e gestões, prefiro não estragar a felicidade do sentido de justiça e de democratização da saúde oral que esta medida me inspira.
Não, ainda não vão chegar as unidades de medicina dentária para cobrir a população que não pode recorrer ao privado e sim, vai demorar, o processo de criação de unidades suficientes e capazes de responderem a todas as necessidades. Não tenho contactos nem informações privilegiadas ou interinas, são apenas palpites. (Palpita-se bastante, depois de uns anos a trabalhar e a ver telejornais neste país).
À parte o problema político-económico que tem bloqueado a prestação de cuidados de saúde oral pública – que não é de menosprezar, entenda-se e cuja resolução, pessoalmente, nunca achei que passasse pela criação dos cheques-dentista (mas isso são outros quinhentos) – expliquem-me, se puderem, uma coisinha só.
Porque. É. Que. Na. Nossa. Área. Todos. Os. Dias. Nos. Pedem. As. Malditas. Borlas. E. Descontinhos.
Na. Nossa. Área.
Só.”
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14 Julho, 2016
Atualidade