“Movo-me por desafios”
DentalPro: Numa altura em que a
Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) se agita rumo às eleições de Dezembro, quais
as recordações que guarda da sua candidatura a bastonário para o triénio
2007/2009?
Américo Afonso: A candidatura
surgiu um pouco por acaso, fruto da vontade de um grupo de colegas. A minha
experiência como presidente da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina
Dentária (SPEMD), assim como os cargos que desempenhara no seio da OMD,
constituiu o mote para dar forma ao desejo destes colegas, que viram em mim a
pessoa ideal para contrariar o sistema de lista única vigente. Iniciei a minha
candidatura poucos meses antes das eleições, com o objectivo assumido de trazer
para a disputa eleitoral um novo dinamismo e ideias de ruptura.
DP: Em que consistia essa
ruptura?
AA: Começava logo pela mudança de
estatutos da OMD, já que considero urgente conferir à figura do bastonário um
poder efectivo e alterar o sistema de representatividade do organismo. Outra
das minhas ideias passava pela questão da qualidade, com a adopção de um
sistema de certificação das clínicas e consultórios médico dentários. Deste
modo contraria-se a simples atitude punitiva com uma diferenciação pela
positiva, em que se reconhecem os bons profissionais. Na minha perspectiva, ao
enveredarmos por um caminho como este, a tendência seria todos os colegas
seguirem os bons exemplos. Outro ponto da minha candidatura concretizou-se
parcialmente e revia-se no mecanismo dos cheques-dentista. Na altura idealizei
este modelo com base no cheque-cirurgia, que considero um sucesso.
Contrariamente a muitos companheiros, penso que esta medida constituiu um
grande passo, mas que pode ainda melhorar.
DP: Outra das suas propostas nas
eleições de 2006 manifestava a intenção de limitar os mandatos dos titulares de
cargos na OMD. Neste sentido, como encara esta terceira candidatura do actual
bastonário?
AA: Considero que existem
‘timings’ a partir dos quais as pessoas se acomodam e é por isso que defendo a
limitação de mandatos. No entanto, esta, como outras ideias da minha
candidatura, não mereceu o acolhimento necessário no seio da classe e eu
respeito isso.
DP: Não considerou uma segunda
candidatura?
AA: O actual bastonário perguntou-me
isso mesmo, mas eu respondi-lhe que movo-me por desafios, não por ambições
egocêntricas. Não coloquei a hipótese de uma recandidatura porque considero
este segundo mandato do Orlando Monteiro da Silva francamente melhor que o
primeiro. Muitas pessoas mostraram-se surpreendidas por dar
Persigo um apoio implícito a esta
nova candidatura, mas, para além da nossa relação cordial enquanto adversários,
há também uma certa consonância em termos das políticas a seguir. Entendo esta
recandidatura como perfeitamente natural e até mesmo desejável, tendo em
consideração que ele próprio assume a urgência de alterar algumas políticas. Sou
muito objectivo e directo e afirmo, desde já, que a mudança da equipa que o
acompanha na OMD seria um passo extremamente positivo.
14 Julho, 2009
Atualidade