“A estética deve ser incluída no objetivo de tratamento”
DentalPro: Porquê a sua dedicação à Medicina Dentária, mais especificamente à Ortodontia?
Francisco Vale: Desde tenra idade que queria ser médico, e em Coimbra! Mas só no secundário é que comecei a ter interesse pela Medicina Dentária e a não perspetivar o resto da minha vida ligada a um hospital (era a ideia um pouco deturpada que então tinha). Era bom aluno e resolvi arriscar.
O que inicialmente era curiosidade, rapidamente passou a fascínio e desígnio pela profissão. O interesse pela Ortodontia surgiu ainda durante o curso e penso que dois grandes fatores contribuíram para a minha escolha: o entusiasmo com que eram dadas as aulas pelos meus mestres, principalmente Maló de Abreu e Marcolino Gomes; e o facto de me ter apercebido que era a disciplina que exigia maiores conhecimentos sobre vários domínios como a embriologia, crescimento e desenvolvimento craniofacial, fisiologia humana, biomecânica, entre outros. No último ano de curso, comecei a concorrer a pós-graduações com regime de exclusividade em alguns países europeus, e só não fui porque desenhava-se um projeto para a criação da pós-graduação de Coimbra, onde acabei por ficar como docente. Isto há 16 anos atrás!
DP: Qual é o estado da Ortodontia no panorama nacional?
FV: De forma resumida, a Ortodontia é a especialidade que se ocupa da correção das anomalias e malformações dos dentes e maxilares. Em Portugal, a Ortodontia e a Cirurgia Oral são as únicas especialidades da Medicina Dentária que estão acreditadas pela Ordem dos Médicos Dentistas.
O Colégio de Especialidade de Ortodontia é composto por médicos dentistas que, por exame, provaram perante os seus pares a sua competência curricular e um conhecimento profundo nessa área. Em Portugal, tal como acontece em grande parte dos países desenvolvidos, para se candidatar o título de especialista nesta área, é necessário frequentar um curso de pós-graduação com a duração de três anos em regime de tempo integral em estabelecimentos universitários com departamentos idóneos, como os existentes na Faculdade de Medicina de Coimbra (onde exerço a minha atividade de docente e investigador), na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto e na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa.
DP: E em termos internacionais, como se situa a Ortodontia praticada no nosso país?
FV: Embora seja uma especialidade recente no nosso país, os nossos ortodontistas dispõem de meios e de habilitações técnicas e científicas que lhes permitem estar ao mesmo nível do que melhor se faz nos países mais desenvolvidos. Felizmente nesta área, e tal como na Medicina Dentária em geral, não sentimos qualquer constrangimento pelo facto de Portugal ser, geograficamente, um país europeu periférico. A prova disso é, por exemplo, o reconhecimento dos nossos trabalhos clínicos e experimentais que são apresentados em congressos internacionais ou o facto de termos médicos dentistas a ocuparem cargos de chefia em associações internacionais, como é o caso do nosso bastonário que é atualmente o presidente da Federação Dentária Internacional (FDI).
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18 Abril, 2012
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