“A cavidade oral não é algo distante da saúde do resto do corpo”
DP: Porquê a sua entrega à medicina dentária?
Ricardo Faria de Almeida: Quando estamos no liceu não temos uma profissão específica em mente, mas sabemos as áreas que gostamos mais e a área médica foi sempre uma das minhas prioridades. E, em boa verdade, no fim do primeiro ano decidi que a minha vocação era a medicina dentária e, portanto, podemos dizer que a minha entrega à medicina dentária foi uma consequência natural do meu primeiro ano da faculdade.
DP: É presidente da Sociedade Portuguesa de Periodontologia e Implantes desde abril. Qual o papel desta sociedade?
RFA: A SPPI é uma secção da SPEMD (Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária). É uma Sociedade com longos anos de existência. Nos últimos anos, passou por uma fase de reajustamento interno, existiu a necessidade de efectuar algumas mudanças. Actualmente, estamos numa fase de reorganização interna, e de definição e clarificação de objectivos. Queremos criar pontes com a sociedade civil e as com outras sociedades médicas, ou seja, dar a conhecer a possível influência dos problemas periodontais na saúde em geral, como hipertensão arterial, pacientes cardiovasculares, diabetes, partos prematuros, etc. Queremos também, atrair mais colegas para a Sociedade e por isso criamos um núcleo jovem com actividades específicas para quem terminou o curso ou está nos últimos anos de Mestrado Integrado e tenha interesse pela Periodontologia,Gostaria ainda de referir que a SPPI faz parte da Federação Europeia de Periodontologia e que o tal facto permite aos sócios da SPPI aceder em condições vantajosas ao Congresso Europeu de Periodontologia a realizar em Junho em Viena, Áustria. Lanço desde já o repto para que os colegas assistam a este grande evento da área da Periodontologia e dos implantes.
DP: Assume a presidência do Centro de Formação Contínua da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD). Em que consiste este centro?
RFA: O Centro de Formação Contínua é, como o nome indica, o órgão que organiza a formação dos médicos dentistas no seio da Ordem dos Médicos Dentistas. Não é uma formação obrigatória, mas cria as condições possíveis e necessárias para que posámos aceder a actividades de carácter científico. Temos vindo a fazer actividades que sofreram uma evolução lógica, indo ao encontro do que os colegas sugerem. No primeiro ano, tivemos uma formação idêntica ao que vinha sendo feito no passado, e que consistia num curso de dia completo, cursos de fim de dia e por fim, as Jornadas da Primavera. Do primeiro para o segundo ano, reduzimos o número de cursos de dia completo, porque verificámos que havia menos disponibilidade e interesse dos colegas para dedicarem um dia inteiro a este tipo de formação e introduzimos algo de inovador, os cursos “hans-on”. Este ano vamos ter seis cursos teórico-práticos dispersos por Lisboa, Porto, Funchal e Ponto Delgada para aquisição de conhecimentos teóricos e práticos. Aumentarmos o número de cursos, conseguimos que os cursos de fim de dia sejam gratuitos. Para tal, tivemos o apoio de algumas empresas que desde já agradeço. Os projectos para o futuro passam por realizar estes cursos por videoconferência, ou seja, possibilitar também a formação por ‘e-learning’ o que nos permitirá chegar a um maior número de médicos dentistas. Será o próximo passo!
DP: A investigação exibe-se como uma componente essencial na educação dos profissionais. Como analisa a pesquisa que se faz em Portugal?
RFA: Nos últimos anos, vários grupos de diferentes universidades do país têm vindo a trabalhar bem nessa área. Obviamente que podemos sempre pensar que se podia fazer melhor, que deviam aumentar as publicações, mas existe claramente uma evolução qualitativa e quantitativa. A investigação em medicina dentária exige apoio financeiro e isso é fundamental, porque é cara, e num país pequeno no extremo da Europa torna-se ainda mais difícil conseguir esses apoios. Mas, esses grupos vêem fazendo um trabalho muito sério e capaz, não só na investigação como na recolha dos apoios imprescindíveis á sua realização.
Entrevista na íntegra na DentalPro 47
3 Fevereiro, 2012
Entrevistas