César Mexia de Almeida em entrevista

Para o professor catedrático aposentado, César Mexia de Almeida, um verdadeiro “oficial e cavalheiro”, o Coordenador Nacional da Promoção da Saúde Oral (CNPSO) da Direção Geral de Saúde (DGS) deve ser um estomatologista, médico dentista ou higienista oral com pós-graduação em saúde oral preventiva e comunitária, ao invés do que sempre aconteceu. A solução deve passar, segundo argumenta, “por selecionar o CNPSO em concurso público, com um caderno de encargos competentemente elaborado”.
DentalPro: No seguimento do seu comentário ao artigo “Prevalência e necessidades de tratamento da cárie nos portugueses” (III Estudo Nacional de Prevalência das Doenças Orais – III ENPDO), como classifica o estado da saúde oral no nosso país?
César Mexia de Almeida: Nas últimas dezenas de anos realizaram-se grandes progressos no ensino no âmbito da saúde oral, com reflexos na assistência à população e no exercício de excelência em muitas especialidades. Consequentemente o estado da saúde oral sofreu grandes melhorias. Mas há ainda muito por fazer, quer na prevenção quer no tratamento, em particular nos jovens, adultos e seniores de grupos com maiores dificuldades económicas das zonas rurais e periferias dos grandes centros urbanos.
DP: Porque reagiu negativamente a alguns aspetos daquele artigo referente à publicação do III ENPDO no CDH?
CMA: É um trabalho com muitos aspetos claramente positivos mas tem uma omissão relevante que é o facto de não referir que houve estudos de âmbito também nacional efetuados antes, concretamente os Inquéritos Nacionais Exploradores (INE) de 83-84, 89-90 e 98-99. A justificação que os seus autores apresentam é que o método de amostragem utilizado nos ENPDO é mais representativo, pelo que não há razão para citar estudos anteriores que usam um método menos robusto do ponto de vista do cálculo da sua representatividade. Mas o ponto fraco deste argumento é que este método usado nos 3 INE (Pathfinder Surveys na designação da OMS) é proposto pela própria OMS no manual com instruções para os estudos da saúde oral (Oral Health Surveys – Basic Methods) cuja última edição é de 2013 e é preparada por três autores sendo que o primeiro é Poul Erik Petersen em representação da OMS. Neste manual considera-se que os estudos exploradores, pathfinder na designação original, fornecem “reliable and clinically relevant information… at minimal expense” daí a sua escolha, pela própria OMS, em 1982, para os estudos em Portugal.
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8 Fevereiro, 2018
Entrevistas