Saúde oral… em qualquer idade!
Artigo de opinião do médico dentista José Clemente da Costa, publicado na DentalPro 147:
O aumento da população idosa em Portugal é uma facto. Nos últimos 50 anos, temos assistido a uma grande avanço tecnológico, novos medicamentos e descobertas que buscam freneticamente maneiras de prolongar a vida das pessoas.
O crescimento da população idosa nos países em desenvolvimento tem sido proporcionalmente maior que nos países desenvolvidos. Infelizmente, nesses países, o impacto negativo disso é muito maior, devido à falta de planeamento de medidas assistenciais, de formação e capacitação do material humano necessário. Grande parte dos nossos idosos apresenta, além dos problemas de saúde, problemas sócio-económicos.
A medicina e, agora, também a medicina dentária, vem sentindo a necessidade de se voltar para esse expressivo grupo de pacientes que requerem tratamentos diferenciados. O paciente com mais idade apresenta uma complexidade clínica por aliar o seu envelhecimento natural a doenças comuns aos outros indivíduos.
O melhor atendimento médico e médico-dentário só é feito quando o indivíduo é avaliado em todos os seus aspectos físicos, sociais e psicológicos. Sabemos da grande importância que a permanência dos dentes e a saúde oral têm na vida do paciente, em todos esses aspectos. No indivíduo idoso, a saúde oral optimiza a saúde geral, e a estética agradável mantém a auto-estima e o bom desempenho social.
Mais uma vez, a medicina dentária, fortemente apoiada no tecnicismo e com grande valorização das especialidades, encontra-se diante do desafio, do trabalho em equipa multidisciplinar e de uma volta ao conceito de saúde como um bem global.
O médico dentista deve acompanhar os seus pacientes – crianças, adolescentes ou adultos para que prossigam com saúde oral em todas as fases da vida, bem como deve ter, para adequado atendimento do paciente idoso, conhecimento das dificuldades e peculiaridades dessa faixa etária.
Muitos problemas dentários manifestados nos idosos são consequência de complicações acumuladas por toda a sua vida, decorrentes de higiene deficiente, ou ausência dela, falta de assistência dentária semestral. Muitas vezes, os profissionais de saúde oral vão assistindo ao agravamento de problemas sem tomar, no momento adequado, a atitude certa.
Nós devemos ter visão a longo prazo e lembrar que a parceria e a cumplicidade com o paciente, seja por meio dos procedimentos clínicos ou por meio da nossa supervisão e orientação, garantem-lhe certamente, mais do que nunca, uma longa vida com óptima saúde oral.
8 Abril, 2020
Opinião