O dito pelo não dito ou um “equívoco” que nos envergonha a todos

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O médico dentista António José de Sousa escreve-nos no seguimento do anúncio das novas datas para as eleições da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), que voltam realizar-se em junho:

Num “jogo” de absoluta incompetência, as eleições para os órgãos da OMD foram adiadas como era de esperar. A nova data anunciada (setembro) parece não cumprir os requisitos legais; assim sendo somos prendados com mais uma comunicação e vídeo do Presidente da Mesa da Assembleia Geral que também é o Presidente da Comissão eleitoral. 

A justificação está neste parágrafo:
“- o levantamento da suspensão do processo eleitoral, pelo que ao abrigo do art. 18.º do Decreto-Lei n.º 10-A/2020, de 13 de Março, que estabelece o limite legal de 30 de junho, marco o dia das eleições para o dia 27 de Junho, devendo as listas candidatas ser entregues até ao limite do dia 15 de Maio, com inteira salvaguarda das regras regulamentares e legais sobre a matéria”.

Todo este processo deixa algumas dúvidas. A primeira é como é possível decidir uma data que estava errada. Qual o parecer jurídico que a sustentou? Quem o pediu? Quem o fez? Quem foi o responsável pelo mesmo? Pelas palavras do colega João Caramês, fica a leitura que o responsável pelo “equívoco” é o senhor Bastonário. A segunda questão é se esta situação aconteceu por absoluta incompetência, “distração”, ou se foi uma jogada para que as possíveis listas candidatas se distraíssem e apostando na nova data de setembro não preparassem a sua candidatura; com a nova antecipação a probabilidade  de serem “apanhadas de calças na mão” poderia ser elevada. A terceira é quem pediu o segundo parecer que contaria o primeiro? Porque foi pedido? Quem o fez? Tudo isto é lamentável. À semelhança do que não está a acontecer em relação a guidelines para quando for levantado o período de contingência, todo este processo mostra mais uma vez uma absoluta falta de competência (ou não…) e de respeito para toda a classe. 

Vamos ver se não teremos outra comunicação pessoal utilizando os meios da OMD, desta vez a anunciar que devido à actual situação e depois de muito ponderar a recandidatura será uma realidade, tendo servido este período para tomar o pulso aqueles que sempre o acompanharam e neste momento poderiam deixar algumas dúvidas em relação à sua fidelidade. 
Não podemos esquecer que pelas palavras ouvidas há uma semana, este adiamento até teve o beneplácito do Senhor Presidente da República, um especialista em direito como foi  referido. 

Triste sina a nossa, que no momento mais difícil da sociedade portuguesa e da medicina dentária cada vez nos sintamos mais órfãos e abandonados nesta tempestade perfeita.  Nem a “Mensagem” a Garcia foi entregue, nem “Soldado Ryan” foi resgatado; como alguém comentou, com esta equipa o filme nunca teria sido feito.  

No pouco tempo que lhe resta e depois de toda esta trapalhada, senhor Bastonário só lhe resta uma saída, demita-se para bem da medicina dentária e faça a sua travessia do deserto rumo ao cargo político que sempre ambicionou e que certamente lhe estará prometido, pois sempre tratou melhor aqueles que nos governam do que aqueles que deveria ter governado em 19 anos que foi Bastonário.

26 Abril, 2020
Opinião

 
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